Sinceros

Confusões, esperanças, sonhos, ambições. Todas as divagações que três mentes, distantes no espaço mas não no tempo, podem alimentar serão expostas neste blog. O tudo e o nada servirão de temas para as excentricidades destes loucos!

segunda-feira, janeiro 28, 2013

Lá e de volta outra vez

Que surpresa ver que não sou o único que por vezes passa por aqui, tira a poeira dos móveis, as teias de aranha dos cantos e senta sonhador a relembrar um tempo já distante. Cada vez que venho, noto que o tempo passa mais rápido do que as folhas do calendário nos fazem supor. São meses, anos, sonhos, situações que foram e que não voltam mais. Ainda quero, um dia, voltar a morar definitivamente aqui, repintar as paredes, trocar o piso e arrumar as goteiras do teto. Mas isso só vai valer a pena se tiver uma velha companheira para dividir este local novamente. Infelizmente a arrow nos deixou em definitivo, mas quem ela foi, o que ela sentia, seus sonhos e devaneios permanecerão conosco, neste espaço apertado e aconchegante. Grande beijo e te vejo por aqui.

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sexta-feira, novembro 30, 2012

Da passagem do tempo e outras coisas

 
   Vou ser honesta. Só estou curiosa. 
     Pode passar muito tempo até que alguém leia isto. Quanto tempo exatamente é o que quero saber. 

     Mas, eu ainda lembro das conversas daqui, tão sonhadoras e, por isso, tão legais. Naquela época ainda escreveríamos, com o tempo. O tempo veio, ficou e se foi e as letras não formaram palavras. 
    Sempre acreditei que para escrever é preciso querer dizer... então, o que poderia dizer que não se saiba? Ah! Eu sei... sei também, podemos dizer as mesmas coisas, mas com outras palavras e, não sendo um  jogo de tipo divertido, para que serviria? 

    Aguardo respostas... rs

    Bjos aos dois!

     
      
    

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domingo, dezembro 20, 2009

Copenhague


Há alguns dias voltei meus olhos para Copenhague, confesso que é difícil para mim acompanhar notícias cotidianas em jornais ou revistas, como também é bem difícil estar completamente alheia a essas mesmas notícias. Na TV, Internet, na rua ou em conversas em casa Copenhague reaparecia com frequência, incitada pelas chuvas tórridas que vêm alagando São Paulo nos últimos dias. Parece que de alguma forma Copenhague esteve muito próxima da São Paulo inundada, parei e prestei atenção.
Uma reunião de líderes mundiais como essa é assunto muito complicado, envolve conhecimento técnico do tema discutido, noções de geopolítica, diplomacia e história. Fica claro que não se pode compreender a coisa toda facilmente e,mas, não precisamos, todos nós, entendermos totalmente. Copenhague é uma questão de bom senso e reconhecimento dos nossos limites, como indivíduos e como sociedade. Bom senso e reconhecimento estão ao alcance de todos, embora poucos os adotem com fervor.
Há um consenso sobre a responsabilidade do homem na aceleração das alterações climáticas no mundo. O aclamado modo de vida moderno, progressista, consumista e industrial irá destruir o planeta. O planeta!!? Admiro-me que um surto geral de pânico não tenha surgido, é espantoso. Talvez Freud possa explicar a inércia com que se recebe – hoje- a notícia de que o mundo irá acabar e que seremos extintos. Não que eu seja pessimista e acredite nisso, não acredito. Mas a notícia, posta nestes termos, deveria assustar e muito. Deveria estar em nossas mentes ao abrir os olhos pela manhã e e ao fechá-los à noite, deveria ser motivo de preces, de brigas, de desespero.
Não é o acontece e não vou arriscar um porquê para a apatia geral. Não vou arriscar nada, por hora recomento o documentário de Al Gore "Uma verdade inconveniente", talvez ajude voltar outros olhos para Copenhague.



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quinta-feira, outubro 15, 2009

Sabe aqueles dias em que nada dá certo? Aqueles dias em que tudo que fazes acaba sendo pior do que poderia imaginar? Aquele dia, dentre todos, em que preisava que tudo fosse perfeito e que por uma bobagem termina como o pior dia da tua vida?
Pois é, todo mundo já passou por isso, pensou ele, então qual o motivo de me sentir tão mal?
Nada, absolutamente nada, deu certo naquele dia e hora especifico. E só era preciso estar na frente do cinema antes do filme começar, dar um grande sorriso quando a visse, comprar a pipoca e realizar o maior sonho de sua vida.
Mas não, não era pra dar certo. Felicidade é uma daquelas coisas que somente poucos eleitos estão autorizados a ter. Não ele, mero mortal atrapalhado e descuidado.
Nunca havia sentido sono num sabado a tarde, então qual o motivo para se deitar em plena tarde? Talvez para estar descansado e bem disposto quando finalmente realizasse o sonho que vinha acalentando nos ultimos 5 anos.
Mas aquele despertador maldito tinha de estragar logo naquele dia?
Ah, tudo estava tão bem, tão certinho!
Ele havia conseguido convence-la a ir ao cinema com ele. Tambem, depois de tudo que ele tinha feito para conseguir aquela oportunidade. Comprar aquele perfuma que ela havia adorado, comprar as rosas brancas para forrar com suas pétalas a caixa de presente onde colocou o perfume, aquela rosa vermelha, destacada sobre o leito de pétalas brancas e o perfume, tudo isso escondido sobre a cadeira do restaurante para fazer uma surpresa.
E ela realmente adorou tudo. Tudo tinha sido perfeito. Ela gostou tanto qe sugeriu o cinema no sabado.
E o maldito despertador não despertou!
Ele só precisa fazer isso, é desenhado, confeccionado e vendido para despertar, e NÃO FUNCIONOU!!!
Maldita sorte.

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quarta-feira, outubro 14, 2009

I

Uma vez fui beijada pela sombra da morte. Nesta ocasião o tempo não bastava em si.
Lembrei-me, então, que  muitas vezes a havia chamado, só não pude recordar os porquês de tanta estupidez. Foi estranho... a morte é na verdade um belo rapaz que estende sua mão e convida com um sorriso. Mas você não há de querer ir.
Senti a obrigação de corresponder, pensando que talvez fosse egoísmo infantil querer, agora, ficar mais um pouco. Um pouco, sabe? Mas ele, implacável, perguntou quão pouco teria que esperar e com certo ar de pena permitiu que escolhesse entre daqui a pouco e alguns meses.
Protestei, o que faço eu em alguns meses? Recolhi-me ao sol e olhei o céu. Ele deixou-se ficar sentado ao meu lado, espiando insistentemente cada movimento dos meus olhos. Depois de algum silêncio contou-me que estava acostumado, que a sua aparição seguiam-se episódios chocantes e que estava cansado de levar as pessoas à força em meio há um cenário de grande confusão. A mim concederia o direito de escolher o momento mais adequado.

- Quero ficar. Para sempre?

Sorriu maliciosamente. Estava tão bonito, os olhos apertados em um sorriso, lendo minha alma.

-Não pode.
-Não posso?
-Não ia querer ficar para sempre, não sabe o que diz.

  Ahhh... Será? Porque sinto que tenho de ficar sempre e sempre? Porque sinto esse peso no peito e essa vontade chorar.

-Chore, então. Você me chamou outras vezes e eu sabia que quando finalmente viesse você, como todos os outros antes, iria chorar. Não me importo, chore o quanto quiser. Poderá, inclusive, chorar depois também.

O céu é realmente tão grande, acho que não havia olhado bem até então. Eu não havia pensado na grandeza do céu e nas suas cores, não havia pensado que um dia ia desejar olhá-lo por mais uma vez e não poderia. Ele sempre esteve lá, quem iria pensar?

-Sabe... disse ele. Sabe? Não demore para decidir. Podemos ir? Tenho tanto o que fazer e estou cansado. Vamos logo de uma vez!! Impacientou-se e gritou a todo pulmão.

Chorei, chorei muito e nervosamente. Ele vai acabar me levando, mas eu não quero. Ah!

-Não quero! Porque grita? Não quero!
-Mas eu não posso deixá-la. Me comovo um pouco, mas não posso deixá-la. Posso acompanhá-la por um tempo, quer? Mas estou muito ocupado, então... o que você gostaria de fazer? Se for tão importante eu te acompanho, mesmo ocupado. Hein?

Que piada de mau gosto! Sou tão nova, tão nova. Quero ver o mar, quero olhar para o mar várias vezes. Ele riu, riu de gargalhar.

-Ãh? Estou ouvindo. É cada desejo besta que eu escuto... e riu mais.
-Para! Deixa eu pensar, você é tão cruel, sabia?

Aproximou-se, encostou seus olhos nos meus e segurou minha mão. Estremeci, é impossível descrever o arrepio que varreu o meu corpo. A respiração, a respiração dele era fria e seu rosto de uma beleza desconcertante. Senti tanto medo. Confesso que senti tanto medo e chorei como uma criança em desespero. Ah, Deus! Não posso!

-Não me leve assim! Não me leve agora... eu não posso. Estou com medo, tanto medo! Me sinto só... tão só.
-Argh! Pare de tremer, sinto nojo com tanta fraqueza. Vocês são tão fracos, mas já vi um pouco mais de dignidade. E, além disso... chegou mais perto ainda, não sou cruel. Esteve aqui até agora, não esteve?

Caí aos seus pés, tentando lembrar minha história, tentado lembrar das pessoas, tentando lembrar das músicas, tentando puxar o ar mais forte possível, tentado me agarrar a qualquer coisa que pudesse lembrar, mas o que consegui foi gritar o grito mais horrível que poderia sair da minha boca. Meus olhos realmente estavam escancarados..., sem que pudesse me mover, ali, caída, ele passou a mão sobre o meu rosto e calmamente fechou meus olhos.

-Eu estou com você. Foi o último sussurro distante que ouvi já no escuro.

(continua...)

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quarta-feira, setembro 16, 2009

Branco

Ouvir o som repetido do relógio, deixar o sonho com pesar e remorsos, abrir os olhos e voltar a fechá-los. O primeiro inconveniente do dia é acordar. 

Ana costumava arrumar sua roupa à noite, passava as peças e as pendurava em frente à cama, assim não perderia tempo na escolha e poderia deixar os olhos fechados por mais tempo na manhã seguinte. Depois, pensou que o banho para sair era um exagero, poderia tomar à noite antes de dormir e manteria-se limpa o suficiente, afinal dormir não suja ninguém. Nesta época, Ana já havia deixado de comer pela manhã e tomava seu café preto no escritório, comentou uma vez que mais prático e rápido que fazer um lanche é não comer. 

O relógio tocou e foi ignorado. Tocou novamente e novamente, tocou seis vezes novamente quando, faltando exatos dez minutos para perder a hora, Ana levantou. Enfiou- se na roupa, passou um pente pelo cabelo, fez um rabo de cavalo, jogou  água no rosto, escovou os dentes, sorriu e sentiu-se boba. Estava atrasada. 

Dava os passos mais largos que podia, por vezes corria, bufava, balbuciava palavras incompreensíveis, xingava em pensamento todos que cruzavam seu caminho. Porque andam tão devagar? Desgosto. Incluindo a ponte, o trajeto até o trabalho costumava levar vinte minutos e sempre, como um ritual, Ana  satisfazia-se examinando o transito congestionado ao seu redor. 

Estava satisfeita também desta vez até lembrar que atrasara-se novamente e que não havia tempo. Cruzou a porta do prédio, esgueirando-se entre os que passavam, viu o elevador fechando.

- Sobe! Sobe!!
O grito ecoou pelo saguão, a voz sozinha e sem ouvintes, apenas os olhos permaneciam, parados sobre ela em grade questionamento. Dois minutos, optou pela escada. Oito andares, um após o outro com respiração ofegante e brotinhos de suor na testa. O café estava em seu caminho, figuras rodeavam os copos descartáveis impedindo a passagem. Esperava? Não esperou, andou passadas duras até a cadeira e despencou. 

- Está atrasada! 
 O dia transcorreu, o dia transcorria alheio às objeções. Ora lento e fatigante, ora apressado e cansativo. Seu horário havia terminado e encontrava-se lá, mesma cadeira, mesa repleta de papéis. Cercada por paredes conjecturou se havia ou não sol por aquelas horas. 

- Será que ainda tem sol?

Não houve resposta, a voz ecoou. Será que ainda tem sol? Será que ainda tem sol? Não entendia porque escreviam tanto, porque haveria de ter tantos papéis com tantas letras e entendia menos ainda porque caiam sobre sua mesa. Suspirou. Guardou-os todos – os papéis – e fortemente decidida desligou o monitor para ir embora. 

A escuridão fazia dos prédios árvores decoradas, luzinhas cintilavam longe e perto. Para cada luz, quantas pessoas? Seus passos faziam um toc toc desconcertante, na manhã não se notava som além do burburinho típico, mas agora toc, toc, toc. Passos a esmo.  E mesmo passo após passo era a cidade que girava ao seu redor, frenética e descompassadamente. 

Debruçou-se sobre a parapeito da ponte, o frio entrou dentro dela junto ao ar úmido. Em baixo mais luzes. Ouvira, uns dias atrás, que quando parece não haver solução é preciso que se veja o mundo de outro ângulo. Fazia sentido, fazia todo o sentido. Subiu no parapeito, alto, viu pessoas tão pequenas e imaginou sentimentozinhos passeando sobre seus pés.

Um passo, outro passo, um passo... 

O medo fazia tremer, a novidade a fazia brilhar. 

Um passo, outro passo, o ar.

Branco.

Dizem que a vida toda passa diante dos olhos um segundo antes da morte, não é verdade. Diante dos olhos só resta branco. Imaculado, infinito e para sempre. 


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Viajar não é preciso!



Não se pode ir à São Petersburgo, a cidade não está lá. Não podemos correr o rico de desembarcar em um dia de sol e encontrar o Neva resplandescente de luz. Seria bem perigoso ter diante dos olhos a arquitetura concreta, o verde das praças e as roupas tão comuns.

As construções são vazias, são tangíveis e imponentes, trarão a beleza à alma como um raio e o belo de Petersburgo é o estranhamento de existir algo tão estranho. Então, estando lá é não estar. A cidade é, mas não a encontramos em si mesma. Mesmo que sussurrassem mil vozes do passado, de dentro dos palácios, mesmo assim, ainda não encontraríamos a São Petersburgo dentro de Petersburgo.

Digo, aos leitores e para eles. Penso que havendo névoa, manhãs acinzentadas, céu branco à noite, nada mudará. A cidade que foi desenhada à pena vive nas letras e somente nelas. A luz fraca e inebriante, o clima ácido, os sons, tudo está nas letras e a cidade, através delas, penetra na alma e faz um ninho taciturno.

Vivemos São Petersburgo por dentro, ela é interior. Não pode ser encontrada por aí, num local qualquer. Está dentro dos sonhos, naqueles mais densos e nos dias pouco felizes. É o lado sombrio do desejo, o impulso para o abismo, o encontro com o vazio. São Petersburgo é quase um sentimento sinistro, não se pode contrair tal sentimento em pé, frente a estátua de Pedro; ela – a estátua - se esvaneceria nas conjecturas outras que não o espelho da alma.

Para estar em São Petersburgo é preciso dar a mão ao matador de velhinha e contar os passos para a degradação. Contar os passos que levam ao fim trágico, à atmosfera torpe, às sombras sem definição. São Petersburgo se sente e, como todo sentimento, a visão a deturpa. Ver a cidade é deturpá-la com olhos impróprios.

Não vá. Para conhecer São Petersburgo é preciso nunca ter estado lá.

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quinta-feira, agosto 13, 2009

fiquei sentada no escuro
ouvindo as minhas lágrimas
cairem no chão
como elas são barulhentas
e pesadas
e como a minha dor me sufoca
me afoga
me devora
esses dias terminei de ler
a morte de ivan ilitch
e me vi marcando páginas e mais páginas
e pasma a minha dor se encontrava ali
assim:

controlou-se um pouco e pôs-se a chorar como uma criança
Chorou por sua solidão, seu desamparo, pela crueldade do ser humano,
a crueldade de Deus, a ausência de Deus.
"Por que o Senhor fez isso comigo? Por que me fez chegar até esse ponto?
Por que torturar-me tão horrivelmente".
Não tinha esperança de ser respondido, mas mesmo assim chorava por não haver resposta
por não ser possível encontrar resposta.
A dor ressurgiu ainda mais forte, mas ele não fez um movimento
não chamou ninguém.
Dizia apenas:
"Vá em frente! Maltrate-me! Mas Por quê?
O que foi que eu fiz?
Por que tudo isso?


Sem forças
nem para permanecer aqui sentada
embalando a minha dor

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